sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Os outros e os seus outros: Alteridade e Ausências


O estudo da existência de um outro além de mim se delimita dentro das abordagens de análise da identidade como um tema e um objeto. A alteridade é uma condição necessária para que aja as condições para o reconhecimento e construção de identidades distintas, pois ao se trabalhar com a questão de identidade deve-se refletir em relação ou em comparação a outros. Portanto, a identidade é marcada pela diferença. Porém uma das dificulades de se trabalhar com a dermarcação da identidade pela diferença é o de se cair em uma visão unilateral de se ver o mundo, o que é chamado de etnocentrismo. O que se reconhece, majoritariamente em diferentes estudos históricos e nos próprios currículos é a existência de uma uma visão específica de mundo, o eurocentrismo, este se constituindo em uma visão centrada na Europa e a partir de sua história. Por isso se tornou um objetivo a reflexão sobre a necessidade de ampliação desse ponto de vista, Caio César Boschi[1] apresenta a importância de uma análise crítica da História, valorizando as diferenças e a diversidades, reconhecendo os diferentes grupos como sujeitos de sua própria História.

Outro exemplo são os negros. Apesar de presente em nossa historiografia, o negro, como o índio, não passava de ator coadjuvante em um roteiro escrito, dirigido e estrelado por brancos.[2]
           
            Dessa forma, a V Semana Acadêmica pretende alcançar temas, que buscam ir além desse eurocentrismo e bem como a presença de discussões, que por vezes estão ausentes do próprio currículo de ensino e pesquisa de História. Para isso, a temática propõe um diálogo acerca da relação entre a História e a Alteridade, além das ausências, sentidas nas práticas de ensino e pesquisa, de trabalhos e abordagens sobre o outro e o seu outro. Ao levantar a questão da alteridade, o foco se torna os espaços, grupos ou movimentos que se caracterizaram em algum momento, seja no passado ou no presente, como do outro e as suas ausências dos nossos currículos de pesquisa e licenciatura. Com isso, dentro das abordagens sobre os Movimentos Sociais, História Local, Família, Religiosidades, Fontes, Ensino de História, História e Política, as discussões proporcionarão um incentivo e/ou uma ampliação do reconhecimento da existência do outro.


[1] BOSCHI, Caio César. Memória e Identidade. Por que estudar História?. São Paulo: Ática, 2007.
[2] Ibidem, p. 66.

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